27.3.08

"Dámutelemóbeljá" (ou Da Educação...)

Porque todo o blog que se preza (e que é prezado) fala nisso (de um ou de outro modo), o Gume vem satisfazer a vontade geral e debruça-se também, por algum tempo, sobre o Caso Dámutelemóbeljá (http://www.youtube.com/watch?v=5jubEHdCzYI).
Consideremos:
A Educação não é um valor per se, mas um comportamento. Não há valores em si, ou por si, nada é intrínseco às coisas senão talvez a matéria que têm e às pessoas senão talvez os genes. A imanência é um mito. A permanência é fruto da vontade ou da falta dela. A permanência de algo é por isso resultado de uma acção continuada ou da ausência continuada da vontade de agir. Tudo se transforma.
Os valores alteram-se. Os valores deturpam-se. Os valores corrompem-se. Os valores têm modas como as roupas e estações como a Primavera ou o Outouno. Os valores são relativos.
O comportamento não tem outro remédio senão ser o que é, isto é, o que mostra.
Neste caso tão polémico quanto ridículo (que não é senão uma ponta do icebergue do atraso da vida social e intelectual portuguesa), todos somos responsáveis. e todos temos algo a fazer.
Erradicar este comportamento não apelar à Ética, aos antigos valores, às tradições, nem fazer sermões. Erradica-lo, é tomar medidas, comuns à Escola do Bairro e à Escola da Vida: é cada um, por si (e em si) mudar o seu modo de agir. A acção é a melhor imanência que conheço (por não ter nenhuma).
À aluna, faltou vergonha (que é um modo de agir); aos pais, empenho; à professora, personalidade, discernimento - e um Ministério (Docente) decente a apoiar o seu trabalho com medidas visíveis e práticas e funcionais; aos colegas, iniciativa apaziguadora; e ao jovem realizador do telefilme difundido no youtube que deu origem a todo este zunzum, por dar longo discurso dizer o que faltou, deixo, no mínimo, estes 3 conselhos:

1- Tire um curso de dicção: essa forma de dizer as palavras é horrível (e não me refiro ao sotaque nortenho).
2 - Não falte às aulas de português e preste-lhes atenção: está seriamente a precisar delas.
3 - Tire um curso de realização: os ângulos de filmagem são deploráveis e a sua técnica de orientação da restante equipa de filmagem é de uma nulidade absoluta - não há elegância, não há oportunidade (sentido de), não há pertinência, não há rigor técnico, não há sobriedade, não há inteligência, não há sensibilidade, não há Arte, não há...

Educação...

4 comentários:

SaraCosta disse...

Pois claro que tenho de comentar este... e tu sabes disso! :)
Gostei do teu post mas atrevo-me a acrescentar que tb o que falta é, à sociedade em geral... conhecer o que dizem as ditas leis sobre o estatuto do aluno e aí percebe-se a posição da professora... enfim...
Numa sociedade em que os papás tratam os meninos por você, pedem a opinião dos meninos para tudo e são mal tratados (e sempre por tu... com outros nomes à mistura...) tudo me parece natural.
Passámos da sociedade em que se tinha uma catrefada de putos e lá havia um bom, outro assim assim e passámos para a asociedade em q só se tem 1 que tem de corresponder ao ideal... é o máximo para os papás... um herói! Mesmo que seja um sacanóide...

Miguel João Ferreira disse...

Sarita, de facto, não esperava neste post outra coisa senão o teu comentário que é, como sempre, bem vindo, atento e informado. Manda-me se puderes qq coisa com esse estatuto. Gostava de lher pôr a vista em cima - não me cheira que seja grande bisca. Quanto ao resto, nao posso concordar mais contigo, infelizmente...

Pedro S disse...

Eu da minha parte acho que o trabalho do realizador foi claramente prejudicado pelo público... ou seriam actores? É que realmente não há como filmar com tanta gente há frente, a querer aparecer, como se de um "emplastro" se tratasse. Enfim, as condições não favoreceram o(s) artista(s).

Miguel João Ferreira disse...

É uma desculpa razoável e sem dúvida que dificulta o trabalho. Mas sejamos sinceros, Pedro, não há emplastro que explique realização tão ruim!!! É que é mesmo pobrezinha, pá! Nem deu para encomendar as pipocas!!!