30.4.08

Novas do Apito Dourado:

Diz o Público: Pinto da Costa não acredita em condenação. Pois... O Gume também não...
Mas reza muito e tem muita esperança...

29.4.08

ONU Discute em Berna Crise Alimentar Mundial

Notícia de hoje do «Público» que se pode ver aqui. O «Público» soube da notícia. O Gume esteve lá. E foi isto que ouviu:

PESSOA MUITO IMPORTANTE 1: ... Mas há Crise?
PESSOA MUITO IMPORTANTE 2: Não, não, não há crise.
PESSOA MUITO IMPORTANTE 3: Não há crise? Claro que há crise!
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: Não, não, não há crise.
PESSOA MUITO IMPORTANTE 5: Mas como pode dizer que não há crise? Não vê a crise?
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: Tomo o meu pequeno almoço, dou umas festas à criada, o Jarbas leva-me ao parque, almoço no Ritz, lancho na Versailles, janto num Palácio com o PrÍncipe de Espanha, antes de me deitar dou um mergulho na piscina de um dos meus apartamentos e termino a sessão num jacuzzi com duas tailandesas. Não vejo crise, não há crise.
PESSOA MUITO IMPORTANTE 3: Mas as crianças com fome, os desempregados, os doentes, moribundos, necessitados, sem-abrigo!!??! Não são eles a crise?
PESSOAS MUITO IMPORTANTES 2 E 4 (EM CORO): Não. Eles estão em crise. É diferente.
PESSOA MUITO IMPORTANTE 2: Mas é uma crise lá deles...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: Que nada tem a ver connosco...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 2: Enquanto não for a nossa...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 5: Mas então o que estamos aqui a fazer?
PESSOAS MUITO IMPORTANTES 2 E 4 (EM CORO): A dar que falar aos jornais...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: E lembrar que a ONU existe...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 2: E está activa...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: E se preocupa...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 2: E trabalha...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: E faz alguma coisa com todos os dontivos que recebe...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 1: Como alimentar-se para não passar fome e não se achar em crise...
PESSOAS MUITO IMPORTANTES 3 E 5: Ah, que alívio, então não há crise!
PESSOA MUITO IMPORTANTE 1: É evidente que não! Mas é melhor irmos andando, estamos já atrasados...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 2: Sim, temos de ir a correr para chegarmos a tempo do almoço...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 1: Em Oslo...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: Com o Rei da Suécia...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 5: Oslo... Oslo é na Noruega Dr. ...
PESSOA MUITO IMPORTANTE 4: Já vi que o Dr. é um bocado do contra, não é?...

28.4.08

Antes, Sr. Turista, Lisboa Era a Cidade das 7 Colinas

...Hoje é a Cidade dos 7 Buracos. Nunca fomos tão profícuos, tão empreendedores, tão profissionais a melhorar a rede de transportes. Agora, Sr. Turista, estamos muito bem de gestão e podemos gastar milhões em obras. Melhorar os transportes é obrigação do Estado e é um benefício para todo o país. Tudo foi pensado ao pormenor, escolheram-se as melhores opções. Os maiores especialistas entraram já em acção, todos os estudos foram feitos, tomámos a via mais económica, tivemos atenção ao ambiente, seguimos as normas comunitárias, servimos as populações, respeitamos a segurança. Portugal, ainda que lentamente, caminha para a perfeição. Esta nova linha Cascais - Entrecampos (que trará milhares de passageiros e estreitará a distância entre estes dois pontos para 40 minutos apenas) é excepcional, quase única no mundo e só pode resultar em bonomia. Santa Apolónia vai ter mais um fosso, tal como o Saldanha, tal como o Cais do Sodré, tal como o MarquÊs, tal como outros lugares que não me ocorrem. Mais tais fossos são o princípio da ascenção do progresso. Se esse progresso chega só em 2013 ou 2015 ou 2020, cumprindo-se mais ou menos prazos e orçamentos, deixando buracos físicos e financeiros de dezenas de anos, não importa. Importa sim a intenção empreendedora deste Governo e daqueles que o Presidem. Importa a imagem. Importa a sua alienação. Porque Portugal, para "cámon en vacances"´e que ande assim "en passage" com o olhinho meio cerrado é "very beautiful", o Sr. Turista não acha?

27.4.08

Tal Como Num FIlme...

O que sentes, porque ninguém vê, é o nada com que te enganas. É como ages que faz a tua imagem.

Tacet!



Falar é um falso testemunho, constante deformação do vivido.

25.4.08

25 de Abril

No dia Mundial do Livro e (local) do contabilista brasileiro, a Democracia faz anos em Portugal. Parabéns!

E agora uma lembrançazinha, Exmo. Sr. PM Sócrates: A D-E-M-O-C-R-A-C-I-A...
Que não é bem, bem o que por vezes, gosta de fazer, pois não?
Para avivar essa memória, e porque hoje o dia é fraternal, tome lá, com sincera trégua cá do Gume, este bonito...

(CRAVO) - que se verá quando este defeituoso blogger acabar as obras e deixar de novo publicar imagens...

24.4.08

Relembremos... Pitagoras

"Eduquem as crianças e não será preciso castigar os Homens".


(Caricatura de PItágoras por Toni d'Agostino, artista brasileiro).

23.4.08

Dia Munidal do Livro, dos DIreitos de Autor e do Escuteiro

(ENTREVISTAS NA «PRAÇA DA AGONIA». PROGRAMA MATINAL DA RÊTÊPÊ - 3 BARRAQUINHAS).
Barraquina A:

SÓNIA: Dr, então o que aconselha neste dia do livro?
DR.: Olhe Sónia, tendo em conta a data, não vejo leitura mais alegre do que esta, que aconselho com grande entusiasmo:

A Literatura merece esta homenagem!
SÒNIA: Pois... E, bom, doutor, agora a sério, que livrinho é que aconselha às pessoas???


Barraquinha B:

- Sim, aqui é a SPA, não é? Sim, bom é assim, eu tenho aqui a prova de que o Eça de Queroz me roubou a ideia da casa de Ramires. Tenho aqui no bolso esquerdo um comprovativo (passado pelo Lama ele mesmo!) de que em 1840 eu estava encarnado num abade obeso com tendência para a pinga e talento para a escrita e que o desonesto do Eça, depois de roubar ideias ao Zola para o Crime do Padre Amaro, veio à minha paróquia fingindo confissão (o ateu!, o herético!) e levou-me 3 mãos cheias (o montro tinha 3, pelo menos) de manuscritos geniais sobre essa grande alegoria do Ramires. No bolso direito tenho a prova de que nasci um génio. Ambas as provas validadas com carimbo. Onde é que eu peço a indeminização?

Barraquinha C:

- Olha a 20 cêntimos! O manual do escuteiro! Conheça as regras d'oiro dos escutas! Chuta-lhe aí Joãozinho a regra númar'um!

JOÃOZINHO: Regra Númar'um: O Escuteiro está sempre alerta (principalmente o português e o americano). Nunca se sabe de que esquina nos vai surgir um padre mais suspeito.
Regra Númardois: ...

Aproveitemos a Romaria Alentejana a Cavalo p'la Planície em nome da Santa de Nãsêbêmoquê para dar graças a estas três alegrias...


22.4.08

O Gume Vai (Re-re...n)Ver... Blade Runner

O genial e poético clássico de ficção científica, Blade Runner, (a obra-prima por excelência do inconstante Ridley Scott, com banda sonora de luxo de Vangelis - o seu melhor trabalho), volta às salas de cinema, 25 anos depois da estreia, numa versão comemorativa. Visto pela primeira vez em Portugal em 1983, no Fantasporto (estreado nos Estados Unidos em 82) , o filme tem re-estreia marcada para quinta-feira, 24 de Abril, numa nova versão, para além das 5 já existentes - The Director's Cut e outras 4 de arquivo. O Gume, fanático por obras-primas, cometeu a loucura de adquirir a edição especial em dvd e tem andado a regalar-se com as várias facetas deste filme que é, ao jeito de Nietzsche, demasiado humano. Tão humano, aliás, que nos faz questionar a nossa própria noção de "ser natural". O que é a Humanidade enquanto qualdiade de uma espécie, característica distintiva de outras ditas selvagens ou elementarmente animais (ou mecânicas)? Até que ponto não nos confundimos com os circuitos das máquinas, e até que ponto uma criação artificial, quanto mais completa, não se aproxima de nós, não reflecte as nossas ansiedades, os nossos dramas, o nosso problema da existência? A questão de Philip K. Dick (enunciada como título da obra escrita em 1966 que depois deu origem ao filme de Scott) é por demais pertinente (e cada vez mais pertinente): "Do Androids Dream of Electric Sheep?". E com que sonhamos nós? Os autores do argumento (Hampton e Peoples) alteraram-no substancialmente em relação à obra de Dick (de que sobreviveu o sentido, o fio condutor), e os próprios actores, como o fantástico Rutger Hauer (o lider andróide Roy Batty) contribuiram de forma indelével para a criação de momentos de verdadeira elegância no argumento, caso do seu belíssimo discurso final, na já icónica batalha à chuva com Deckard (Harrison Ford). Mas livro e filme (e mais reinvenções e interpretações que deles façam) mantêm a questão central sobre a natureza do Homem e a sua febre inata de conhecimento. Um e outro levam-nos a reflectir sobre o sentimento de revolta existencialista intrínseco a todo aquele que questiona, que põe em causa a visão "oficial" ou comum sobre qualquer aspecto da realidade ou da vida. O encontro de Batty com o brilhante Dr. Eldon Tyrell (também ele um "replicant" de acordo com certas interpretações/versões do argumento/filme - dúvida igualmente imposta ao implacável Deckard) é facilmente equiparável ao confronto entre o Orestes de Sartre e Zeus, seu criador (Cf. Sartre, Les Mouches, 1943). E até mesmo as respostas de um e outro "deus", não diferirão muito no sentido. Tyrell é mais discreto, mais subtil do que Zeus na sua arrogância, mas em ambos os "omnipotentes" se acha a mesma frieza objectiva, o mesmo orgulho da criação, a mesma noção de superioridade numa desiquilibrada relação de Poder. E o fim irónico de Tyrell limita-se a ser mais ilustrativo e fisicamente violento do que o de Zeus sartriano, pois também o segundo perece (o símbolo é, creio, a mais poderosa e perigosa das armas) sob o peso da vontade/afirmação da liberdade individual de Orestes. No entanto, esta descoberta da individualidade/liberdade alimenta (como efeito secundário) o desejo de vida eterna; segue-se, pois (inevitável), a luta pela sobrevivência, pela utopia da perfeição. Blade Runner é um olhar sobre estas angústias típicas de cada consciência, uma análise do sentido de ser, um lamento sobre a efemeridade da vida num universo simbólico de eras futuristas que cada vez mais se firmam no tempo em que vivemos (como já então se firmavam).
De facto, a LA de 2019 de Blade Runner, pode ser já esta Lisboa de 2008 ("these are indeed dangerous days"). Os "replicants" em análise podem não ser os mesmos ou não ser bem andróides (ou ou seus mais avançados modelos Nexus6, ou 11 ou n), mas as lutas centrais do filme confundem-se facilmente com as nossas desilusões e frustrações, com as nossas dúvidas e esperanças diárias, acabando nós por mais depressa nos identificamos com esses andróides (que realmente somos) do que com o homem que os caça. Já se perguntaram porque os caça?
"Replicants are like any other machine. Either they are a benefit or a hazzard. If they are a benefit it is not my problem"
(Deckard, para Rachel, numa das cenas iniciais)
Será que não? É ou não é, caro leitor, também um seu problema?

Dia Mundial da Terra

E uns deitam-se nela, outros plantam uma árvore, outras atiram-na aos olhos de ingénuos e das massas, outrs usam-na como esconderijo, outros para tratamentos para a pele, outrso como lugar de pesquisa, outros como lugar de rituais, outros usam-na como palco de guerras, teatros, manifestações...

O Gume vai mais longe e recorda Belinda Carlisle:


"We'll make Heaven a place on Earth"...

DGV - Domínio de Global Vegetação

Marquei o exame de Código em Fevereiro (sim, eu sei, como é possível, só agora estou a tirar a carta, mas bom, vejam lá, mais vale tarde que nunca por isso não me chateiem), e expliquei, um mês mais tarde, farto de esperar (sim, eu sei, fui parvo, pedi tudo pelo público, mas paguei logo tudo de início e entendi que não tinha de pagar mais por um serviço que eles tinham obrigação de prestar), que durante todo o mês de Maio não estaria em Portugal pelo que não me seria possível fazer a mxxxx do exame nessa altura. Disseram pois, está bem, como quem diz que me interesa e... jackpot!... ou capricho do Camané, perdão, do Fado (ou simplesmente de uma cambada de atrasados da DGV ou lá como se chama agora e de duas tagarelas incompetentes, burras e malcriadas da escola de condução??), e eis-me com exame de Código marcado para 6 de Maio. E hoje, cheio de sono e com mais vontade de dormir, tenho de perder toda a manhã com uns quantos bardamxxxxx da DGV (ou lá como se chama agora), para lhes provar que estarei fora do país (e não ser a minha ausência considerada chumbo) para lhes explicar que são uma cambada de bois com sistemas obsoletos, para os obrigar a marcar nova data, para os mandar levar onde os gays mais gostam (e os gays que me perdoem que digo isto por retórica e não por descriminação).

E agora digam lá se isto não é de um homem gadelhudo como eu, só do stress, ganhar uma tremenda careca!!!!

Por este andar, estou condenado a conduzir só destas coisas:


E já é uma sorte daquelas!!!

21.4.08

Dia Mundial do Bombeiro...

... Porque rir é preciso, com humor, uma justa homenagem:


Nunca se sabe quando vem um imprevisto e de onde pode surgir. Mas estes homens (e mulheres) dominam como ninguém a arte do improviso. O bombeiro, mais do que o escuteiro, está sempre alerta (ainda para mais em Portugal) e salva desde a floresta em chamas ao gato no telhado, desde o cano entupido à D. Cremilda (a minha vizinha do lado) quando fica presa no elevador cá do prédio. No caso da vizinha levo-lhes um pouco mal, mas compreendo a sua propensão para o bem. Tornou-se neles um vício de quem por pouco faz muito. Ao Estado, um apelo para que lhes sejam dadas melhores condições. E a estes simpáticos super-heróis modernos um grande "bem haja". A Floresta agradece; e a Fada do lar também...

Estoril('s) Closed - Porque Tudo É Político

Roger Federer venceu o Estoril Open após largo jejum de finais e vitórias, sobre o 4º lugar do Ranking Mundial Nikolay Davydenko. Federer é incontestavelmente o melhor jogador de ténis da actualidade e foi uma pena ser obrigado a vencer por desistência num jogo que prometia muito como espetáculo de ténis, já que Davydenko, apesar das dificuldades de adaptação ao terreno incialmente sentidas, revelava uma notável postura competitiva e uma clara subida de performance. Em resumo, uma distenção muscular inviabilizou um grande encontro e forçou um desfecho inédito em 19 anos deEstoril Open: vitória por desistência do adversário.

Há alturas em que o corpo humano deveria ser processado e pagar indeminização severa. Pelo menos o Gume não se conforma e sugere que se avance com uma petição. Obriguemos o corpo, por via legal, a responsabilizar-se pelos prejuízos físicos, psicológicos e morais que impõe aos melhores indivíduos!
Assine aqui:

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etc... n 1.000.000.000


Atingido o milhão de assinaturas enviaremos a petição a aprovação parlamentar e depois disso ao Papa BentoXVI para abençoar o decreto. Seguir-se-à como bonus uma encomenda de voodoo à feiticeira Jahmal da Costa Este da Jamaica com a fotografia do Presidente chinês. A sugestão do Gume é pedir que nas entranhas do "Plesidente" nasçam e cresçam lombrigas do tamanho de um boi (dos maiorzinhos) e que, lentamente, lhe roam o intestino delgado e depois o grosso de modo a que se distribua uniformemente a substância primordial de que, parece, ele é feito. Mas aceitam-se sugestões mais recriativas e producentes.

O Gume é pelos Jogos mas contra o Jogo do Poder e, dadas as embrulhadas políticas que vamos ouvindo e vendo, a ideia de que as Olimpíadas regressem à Terra-Mãe, isto é, a Grécia, e lá fiquem definitivamente, não nos parece descabida de todo. Talvez que as distenções musculares e outras mazelas surjam até como maldição dos deuses ou indisposições dos Oráculos, por a prática desportiva se ter afastado do Olimpo. Em Atenas, Davydenko não precisaria de desistir, bastaria que pedisse uma pausa ao árbitro de cadeira para imolar um carneirinho em honra das barbas de Zeus e do pezinho esquerdo de Artémis (para com maior exactidão caçar a vitória no torneio). E não seria preciso assistir ao triste espetáculo que foi ver uma série de manifestantes indignados apagar a tocha Olímpica num modo desesperado (para os mais conscientes das suas reinvindicações) de pedir a mais do que justa e necessária libertação do Tibete.

Assim sendo, mandem-me lá essa "fotoglafia" do "Glande Plesidente" que o Gume trata do resto. E, se puderem, mandem a foto com dízimo porque ainda me sai caro o selo para a Jamaica...

Por agora, Estoril's Closed, mais do que por ter acabado, em claro sinal de luto - abandeirem-se de negro ao peitoril da janela, por favor...


O Gume Foi Ver... The Bucket List

Se eu fizer metade do que fez um velho de 70 anos em apenas 6 meses de aflição oncológica, na minha vida inteira, considero-me um homem feliz.
"The Bucket List" não é apenas mais uma lista de supermercado baseada em mais um cliché "carpe diem" do "do before you die". É uma lição de vida que comove e educa como deve fazer qualquer lição que se preze e valha mesmo a pena.
E que prazer ver a dupla Freeman/ Nicholson!
Há homens que fazem um filme, mais do que as imagens. Vá ver! E aprenda com eles. O segredo da vida é a leveza. Quanto peso precisará de carregar para entender esta verdade insofismável? Ao contrário do que diz o mito, não foi Zeus quem castigou o titã Atlas, mas ele (Atlas) que, por cegueira material, se puniu a si próprio. O mundo é uma esfera suspensa no espaço. Porque insiste em carregá-lo? Viva, desprenda-se, levite com ele!

Segunda Sessão - As Mudanças

«Hoje - explicou-me o meu amigo quando veio a minha casa - estou de mudanças: Ando a mudar-me da direita para a esquerda do Pai por mera conveniência política. Noutros tempos era no próprio colo do Senhor que eu me sentava (um pouco ao jeito do que o Márinho fez com aquela tartaruga!) , mas o velho já não está para cantigas. O que comprovo destas mudanças de lado, é que, quer na núvem da direita quer na outra da esquerda, me vejo mal instalado. E isto de mudar a tralha e a camisa com o mudar constante de uma e outra ideologia, é uma estafa! Não tivesse eu um importante papel a cumprir, e descia lá do alto onde estou, para viver calmamente entre o comum dos mortais... E, no entanto, vendo bem, isto por aqui anda tão miserável! Aliás, essa miséria vê-se bem no que comemos! - eu protestei, mas Tomé logo me fez ver a razão - Como podes tu contrariar-me quando este chá é quase um copo de água? E que dizer dessas bolachas, de há uma semana, sem açucar nem sal? E desse pão ressequido? E dessa manteiga com sabor a ranço? É isto que se oferece a um santo?! Pouca vergonha!» Tentei explicar ao meu amigo que era difícil ter boas coisas em casa quando se tenta viver apenas do seu trabalho honesto. Desta vez o meu Tomé zangou-se a sério: «E julgas tu que eu não sei? Eu tenho dois mil anos! Quem pensas tu que ensinas?! Porque achas tu que há mais de dois milénios eu ando de núvem em núvem, sempre a trocar de camisa, com a tralha toda atrás das costas e a decorar novas frases de ordem, novas ideologias? Para aconchegar a asa ao Criador? Para lhe ver as vestes remendadas? Para apreciar a paisagem de um e de outro lado do Céu? Não! Eu sigo o curso das estrelas, vejo os sinais dos tempos, adequo o meu ânimo descrente à crença de cada tempestade! É por isso que a minha vida é um conforto! Francamente! Um calmeirão desse tamanho e ainda não aprendeste! Ora deixa lá que tu assim vais longe! Vê mas é se tens juízo, em vez de andares com ideias, e se começas a transmitir às gentes deste mundo que o sensato na vida é mandriar e estar apenas atento a quem se vai sentando n'A Cadeira para lhe engraxar as botinhas, lhe ajeitar o colarinho, lhe pentear o cabelo, mudar a côr da camisa para aquela côr que ele veste, e estar na direita ou na esquerda ao sabor das correntes! Entendeste?! Olha o paspalho! Eu venho aqui comer para o educar, e o inútil a largar postas de pescada! Quem lhe desse com o peixe nas ventas!». E assim foi: do assombro do nada surgiu uma pescada e, num golpe digno de um lutador de sumo, o sacana do santo vai de me dar com a maldita pescada na vista, e de tal modo, que ainda conservo um olho negro! Confesso, irmãos, que me doeu mais o coração do golpe do que o olho inflamado que ainda me assusta no espelho. Quase chorei, emudeci arrasado. O meu amigo, pensei, o meu próprio amigo, a atentar-me deste modo ao olho?! É pungente... Mas com Tomé é comum: o seu método de ensino reside no choque. Se por choque se entender adequado eu ser espancado até à exaustão, será então essa a medida a tomar. Para o meu santo é importante a disciplina e é evidente que qualquer disciplina exige sacrifício. De facto, agora, ao longe, reparo que um ou outro espancamento ocasional nos dá certa clarividência. É espantoso! Senão, veja-se o exemplo: Estou em casa, sozinho, depois de ele ter já ido embora, amuado e bruto, e acendo a televisão para espairecer. Como um poltergeist enclausurado, surgem-me de lá, horrorosas, a voz e a figura do Sócrates, esse ministro que temos por estranho hábito designar por primeiro. Ele fala. Ele explica. Ele desenvolve. E eu reconheço nele, por força da lição do meu santo, um colossal ascetismo: tantas vezes vimos este herói da boa vontade e da perseverança mudar de camisa! Tantas vezes o vimos a resgatar da poeira antiga (ou da Futura!, anacronismo excelente!) novas, remendadas, reachadas ideologias! Tantas vezes se desdisse desdizendo que dissera o que o ouvimos dizer dizendo que não diria o que disse! Tantas vezes nos falou em levantar Portugal! E de todas essas vezes o que ele afinal fazia era caminhar da direita para a esquerda do Pai (cujo nome real é Despotismo), passear de núvem em núvem, de mentira em mentira, para nos dar a entender (oh!, Sublime!, também tu és santo!) um novo ideal de Homem... Agora pergunto: Teria eu entendido este ascetismo se não tivesse Tomé tido a bondade de me aplicar aquele bofetão? Esta é, irmão, portanto, a lição de hoje: A disciplina é tudo. A gentileza é uma coisa bonita, mas, de quando em quando, todo o Homem precisa de um golpe. A Humanidade dorme e tu, mais iluminado, tens de fazer por acordá-la. Não te restrinjas, não te coíbas: Vai pelo Mundo e Age. Sê verdadeiramente Cristão: Espanca e Educa. Amen.

20.4.08

Flash Desportivo - O Gume Espreita Os Melhores (Isto É, Os Mais Risíveis)

(Balneário XXI):

- Fos... Fosg... Fofosga... Fofosga-ssse!!! Acabou... acabou-se-me o doping, naquele mal, malfadado jogo, jogo da taça, e estes mongos, estes mongos, porra, já mamaram, mamaram 4 e do fosga-se!, do fos.. do último classificado!!! Vou para, para artista de circo, que treinar leões, leões, só na arena é que rende, rende e com palhaços, palhaços a sério, porque em futebol é fos.. fofosga-se!, impossível trabalhar com os amadores!!!!


(Conferência de Imprensa, Piso -2):

- Bom, bem, bom, vocês viram todos, bom que o árbitro, bom, o arbitro foi dar a bola ao pezinho do Lizandro Lopes... ou para a cabeça, não sei bem... ò Sheu, foi para o pé ou para a cabeça?? Que eu vi tudo mas estava de costas e por isso já não me lembro... mas bom, bem, bom, para ele espetar com mais dois tiros na baliza do Quim!! Que o Sistema esteja contra o Benfica, a gente ainda aguenta, agora, que ponham o árbitro a fazer de mamã dos jogadores contrários, pela XXXXXX!!, assim é impossível!! ò Sheu, passa aí mais um copinho de tinto, se fazes favor, para molhar a garganta... Irra, que está mesmo seca!! Parece o nosso ataque que anda de jejuns há semanaas, pá!!

19.4.08

Quebrar o Gelo

- Chegamos agora à vez deste senhor. Por favor, apresente-se em cinco linhas...
- Eu
Sou
Um
Preguiçoso
Incorrigível...

18.4.08

Mudemos de Assunto: O Menezes Demitiu-se!

Diz que para anular a concorrência interna e que, como tem sido costume na sua liderança, ao contrário do que disse, se desdizer, recandidatando-se para de novo vencer e de novo levar o PSD à miséria e de novo se demitir, talvez de vez.
Diz que eleições a 24 de Maio são um modo de ter tempo sem dar tempo, e de dar visibilidade (e como tal chapadas de luva branca muito públicas) às víboras que internamente abocanham o lider do partido e os seus fieis seguidores espalhando o seu veneno pelas bases.
Diz que o Menezes foi à bruxa e saiu de lá aconselhado.
Diz que vou tomar o pequeno almoço que estou com a larica aos saltos.
Diz que não quero ir trabalhar, que merda, ainda para mais de gravata.
Diz que agradeço o título deste post cujo furto (que não sei se foi roubo, mas um deles é qualificado) me deu muito prazer:
Diz que digo e não me desdirei: Isa, obrigado.

17.4.08

Pois é, Já Calculava...

POR MEIO DE ESCUTA (NÃO TELEFÓNICA E INTEIRAMENTE LEGAL) , CAPTOU-SE ESTA PALESTRA (DO BENTO XXI) NO BALNEÁRIO LEONINO, AO INTERVALO:

- Bom pá, vocês são tão coxos, ãh, que deixam que uma cambada de azelhas, ãh, uma cambada de azelhas, que deixam, ãh, que azelhas pá, ãh, como, como os gajos do Benfica, do Benfica, ãh, que mamam 3 pá, 3, da Académica, ãh, em casa porra, em casa!,vos esteja a dar, vos esteja a dar 2 secos, 2 secos, sem sequer se esforçarem, ãh? . Como estou a ver, pá, que não vos posso, pá, já ver à frente, à frente, ãh?, e que não me entendo com a vossa, com a vossa molenguice, com tranquilidade, com tranquilidade, ãh, mais ou menos, mais ou menos a meia hora do fim, vão-me espetar, ãh, vão-me espetar aqui esta agulha, esta agulha de doping na nalga esquerda da peida, ãh, e vão ver, ãh, nesses mais ou menos, mais ou menos 30 minutos, ãh, vocês vão ver amanhã, amanhã com tranquilidade, com tranquilidade na televisão, na televisão, o que é, o que é, pá, jogar a sério, ãh?!





Que miséria! Bendita tranquilidade, tranquilidade, pá, que sem ela não me
valia, não me valia, fos, fos, fos, fosga-ssssssssse!!!

16.4.08

Breves Notas Ao Acaso E Um Regalo Para os Olhos

O tipo que inventou trabalho antes das 11 da manhã, duarante a hora da almoço, a fins de semana e feriados, por turnos rotativos e depois das 4 da tarde devia ser fuzilado. A minha cabeça chocalha de tanto sono e torpor. Tenho o estômago repleto de gaz metano, que se me perdoe a partilha deste pormenor, sinto-me débil, dos ossos, entenda-se, doiem-me os joanetes e tenho fome mas nenhuma vontade de ir fazer o pequeno-almoço. Quero uma criada de quarto, com o perfil da Maitè Proença e a generosidade de uma Heather Brook. Deixo o meu número a quem tenha notícias. É só encontrá-lo, apontei-o aqui algures...

Maitè, sempre gostei, como eu, de uma mulher intelectual. E acredite, nunca a vi tão bonita... Pode crer-me que já me passou quase aquela dor de cabeça? E já nem me fazem mal os joanetes caprichosos e sensíveis... Afinal é verdade que há milagres no Mundo...

15.4.08

Monóxido de Carbono

...E finalmente cheguei, estava cansado, a luz era pouca. Sentei-me no chão, sem cuiddado, sem pensar no fato que se estragava, na gravata que tirei e atirei para longe, nos sapatos que perdiam a forma sob o corpo mole (mas pesado), no jarro que derrubei, nas flores que morriam, na água que se alastrava e me molhava os pés. Liguei o aquecedor velho que já não funcionava, que já não aquecia, que apenas soltava num silêncio cínico o seu gaz indiferente. Pensei em ti, pensei em mim, pensei no dentro e no fora, pensei em coisa nenhuma. Vi as sombras no tecto, vi as longas persianas, ouvi um relógio dar a hora ao longe, ouvi a buzina de um carro em baixo, ouvi os gritos do casal ao lado (onde o amor, amor, que antes sentia?), provei o inominável. Tu compreendes, eu compreendo, compreendemostodos: tudo é egoísmo. Eu sinto, tu sentes, e já sentiste assim.Compreendo, compreendes, conheces como eu a saturação da existência, a sensação de acordares um dia e não apetecer mais nada. Acordas como se adormecesses.
O dia era perfeito (como todos os dias), desistir apetecia intensamente, e eu, muito prático, muito cuidadoso, agarrei a oportunidade desse desperdício, abracei a possibilidade de confirmação da minha personalidade fraca e banal.
Como se pedisse a mão de uma mulher que se ama, quis fazer tudo bem:
Comprei o anel da minha fuga, acendi duas velas, coloquei a fotografia deum somking (porque não tenho nenhum) diante do meu retrato. Até escrevi um bilhete, muito simples, muito directo como devem ser os bilhetes nestas e noutras coisas: «Adeus», simplesmente, sem mais nada. E fechei os olhos.
Esperei. Só preciso da solidão e do silêncio, depois será a paz, certamente. Eu sei que tenho só de esperar, sim, não tenho dúvidas:Estou sozinho, tudo está fechado, ouço apenas o aquecedor que me segreda ao ouvido e que suspira... Ah, som divino! Não digam nada! Que ninguém surja, ninguém fale, quero ouvi-lo! Calai-vos também vós vozes da Noite! Shiuuu, silêncio, shiuuuuu... não pode haver barulho, nada nem ninguém aqui e agora... devagar, mais um pouco, devagar. O medo é nada...

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De súbito a Cobardia entrou-me pelo quarto e veio abrir a janela antes fechada...

14.4.08

É Aqui Neste Lugar Senhor Doutor...

Porra que não me apetece fazer nenhum!!! Alguém tem uma aspirina p'r'á preguiça?? Que terrível dor de vontade, meu Deus!

13.4.08

Porque É Preciso Cativar as Crianças...

(Chegou-me por e-mail) A MATEMÁTICA COMO DEVIA SER (PORQUE URGE ACOMPANHAR OS TEMPOS:

Exame de Matemática na Cova da Moura (Distrito de Lisboa)

EXAME FINAL DE MATEMÁTICA ESCOLA SECUNDÁRIA DA COVA DA MOURA

Nome:___________________________ Gang:__________________________________


l- O Joãozinho tem uma metralhadora AK-47 com carregador de 80 balas. Por cada rajada o Joãozinho gasta 13 balas. Quantas rajadas poderá disparar até descarregar a arma?

2- José comprou 10 gramas de cocaína pura que misturou com bicarbonato de sódio na proporção de 4 partes de cocaína por 6 de bicarbonato. A seguir vendeu 6 gramas desta mistura ao Joaquim por (150 €) e 16 gramas ao Bruno a 40 € cada grama.

a) Quem é que comprou mais barato ? Bruno ou Joaquim ?
b) Com quantos gramas de mistura ficou o José ?
c) Quanta cocaína contém essa mistura ?
d) Qual é a taxa de diluição da mistura ?

3- Rui é chulo e tem 3 prostitutas a trabalhar para ele. Cada uma delas cobra 35 € ao cliente, dos quais 20 € entrega ao Rui. Quantos clientes terá que atender cada prostituta para poder comprar ao Rui a sua dose diária de crack no valor de 150 €?

4- Januário comprou 200 gramas de heroína que pretende revender com um lucro de 20% à custa da mistura com giz. Qual é a quantidade de giz que terá que adicionar?
5- Guilherme recebe 500 € por cada BMW roubado, 125 € por cada carro japonês e 250 € por cada 4X4. Como já roubou 2 BMW e 3 4X4, quantos carros japoneses terá que roubar para receber o total de 2.000 € ?

6- Raul está na prisão há 6 anos por assassínio pelo qual recebeu o equivalente a 5000 €. A mulher dele está a gastar esse dinheiro à taxa de 50 €/mês.
Com quanto dinheiro ficará Raul quando sair da prisão daqui a 4 anos?
Questão suplementar:

6A) a quantos anos será condenado por ajustar as contas com "Aquela puta
que estoirou o meu dinheiro todo?"

7- Uma lata de spray dá para pintar uma superfície com 3 m2. Uma letra grande ocupa uma área de 0,4 m2. Quantas letras grandes poderão ser pintadas com 3 latas de spray?

8- Heitor recrutou 3 prostitutas para o gang. Sendo o numero total de prostitutas que trabalham para o gang igual a 27, qual é a percentagem das prostitutas recrutadas pelo Heitor?

9- Durante uma rixa entre gangs Telma dispara 145 balas de uma pistola automática acertando em 3 pessoas. Qual é a eficácia dos seus tiros?

10- Salvador é preso por vender crack e a sua caução é estabelecida em 12.500 €. Se ele pagar a caução e ao seu advogado (que reclama 12% da caução como honorários) antes de fugir para o Brasil, qual será o total da despesa?

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Estou certo de que a partir do momento em que este tipo de temática fosse abordada como ensino da matemática, não mais haveria chumbos...


Estamos à espera de uma medida de coragem Sra Ministra!

12.4.08

Mandamento do Profeta Herético


Se o estarmos na vida é da responsabilidade de um outro, estamos isentos do pecado original.

11.4.08

Primeira Sessão - Um Paradoxo...

São Tomé foi Santo porque negou Cristo para além das evidências, e não por não ter acreditado nas chagas. De facto, é preciso ser-se superlativamente obstinado para recusar a matéria palpável. Essa obstinação é um atributo do mártir. Tomé jura, porém, que não foi o Cristo-Homem que negou mas a sua transcendência. A meu ver, isto está certo. Porque foi então que o santificaram? Ainda hoje ele se faz essa pergunta, entre o creme de beleza da manhã e o sono reparador da noite. Perguntará o blogonauta mais desconfiado e precavido como tenho eu acesso a tais informações. Poderia, legitimamente, recusar-me a revelar a fonte. Por honestidade, porém, não o faço. A verdade é que, pela hora da ceia, o amigo Tomé vem visitar-me, com um chazinho de menta e umas bolachas de cacau e mel. Empanturramo-nos os dois severamente e conversamos pelas tantas da manhã. Este São Tomé que Me Fala (como eu gosto de dizer e já publiquei em livro - pela editora Papiro, creio eu, mudando o me para vos para lhe conferir um carácter mais geral) é moderno e jovial e sabe falar sobre tudo. Tem, todavia, a tendência irritante de desembocar no cepticismo; ainda assim, não obstante tão enfadonha e triste limitação, dá gosto falar com ele. Contou-me muitos segredos do Universo e da Vida, explicando-me e demonstrando-me como era tudo mentira. Eu creio que, por vezes, o meu amigo exagera. Mas tenho de lhe dar o crédito de uma sabedoria milenar e do infalível vaticíno da experiência. Afinal, quem pode negar a primazia do empirismo sobre a metafísica? Pelo meu amigo Tomé eu soube, não sem algum constrangimento, que fui escolhido por Zeus (ou por Deus? ou por Ateus? ou...?) para liderar as ovelhinhas do globo para o abismo do Cepticismo Absoluto onde encontrarão a Salvação Eterna. A promessa, como qualquer promessa, é paradoxal e estranha. «Não faz sentido, Tomé!» - gritei-lhe eu perplexo - «Como pode ser que o abismo nos salve?». A que ele me respondeu: «Bem se vê que estás cego.» - Tomé gosta de falar por imagens e enigmas - «O Abismo do Cepticismo não é mais do que o poço fundo onde se deitam fora os fatos velhos das crenças. Não há verdades no Mundo, apenas convicções profundas. Porque tens de viver de acordo com as convicções dos outros? Pensa por ti próprio». Foi então que percebi que também Tomé era um crente, um idealista. De facto, como podemos pedir à simples ovelhinha tresmalhada que deixe de seguir o pastor e que canse muito o neuroniozinho (programado apenas para a capacidade motora) para tomar por si mesma as suas decisões? Qualquer ovelha gosta que se lhe mostre o caminho do pasto. A ovelha portuguesa, prefere até, se possível, que se lhe arranque a ervinha e se lha dê já mascada, pronta a engolir. Se engolida vier já, melhor ainda. Com que direito e feitiço se lhe há-de então exigir que escolha um rumo, que reflicta, que discuta, que construa? Foi aqui que Tomé se zangou comigo e partiu. Muitas noites, pelas sextas-feiras, ele vem ter comigo, me revela coisas sobre o Princípio, o Meio e o Fim dos Tempos e depois parte amuado com qualquer coisa feia que eu lhe digo. Poderão dizer que sou eu que sou duro. Talvez seja verdade. Mas a minha convicção mais profunda é que Tomé não acredita em si prórpio; ou talvez não seja mais que um paradoxo...

10.4.08

O Homem é um Lugar Estranho...

Debalde se debate sobre a Génese. O Mundo só existe na medida do Homem; e só nela se afirma e encontra um lugar…
Que houve antes de nós? Nada, porque nós faltámos. Que haverá depois? Nada, porque estaremos ausentes. Não há existência sem a noção dela mesma. Não há "ser" sem "saber" ou sem "pensar". É essa a importância da linguagem; mais do que nos fazer comunicar, ela dá corpo real à existência das coisas. É por iso que por vezes é perigoso falar. A linguagem enche o espaço de objectos e formas que na sombra nos podem parecer monstros.
És um ponto no Universo, um lugar que estranhas. Que importa saber como te fixaste? Ocupas um espaço noutro Espaço plano. Esta clareza geométrica dispensa outras razões. "Antes" não existe senão na tua medida.
Não há antes de ti, porque não estavas tu. Há "antes" em ti, enquanto tu "houveres". O vazio anterior ao "Fiat Lux" é, tão só, o vazio da consicência Humana. O que se deu sem tu estares, que não se deu, pois não estavas. Para quê pensá-lo se passa a tua medida?
Viver é contemplar o Universo. É agir numa tela, porque tudo é Arte. Tu és Belo, e a Beleza encerra toda a Razão em si mesma. Onde está nisso o Mistério?

9.4.08

Do Divino

a) Cristo nasceu dos densos medos dos Homens. Por temerem o imortal desconhecido mistificaram o crucificado em mistério, meio pelo qual um corpo vivo ou inanimado se deifíca e sacraliza. Sacralizar, por seu lado, é dar resposta de lei ao que não tem lei nem resposta e um sentido final e único ao que não é mais do que mero objecto distorcido num símbolo. Cristo foi assim (como outros ícones seus semelhantes) moldado num grande mito de modo a conseguir o poder de tornar acessível o absurdo do mundo e o seu vácuo aos que temem demasiado observar-se e não suportam a ideia de ignorar. O Homem fez-se, deste modo, um deus que se fez rei, um mito sobre o trono de toda a raça Humana. O mito, porém, é insuficiente por si mesmo; e um Senhor, para governar, precisa de súbditos. Que fazer, então, para salvar o mito? Render toda a razão aos caprichos da Fé, deixar a lógica às mãos da estupidez, o juízo privado no algoz do dogma… O preço da explicação sublime do Universo e das coisas foi o perder-se o sentido de Universo e de coisas, o que para o Homem corresponde a abdicar da liberdade individual pelo bem do conforto da sensação de alma, obliterar-se em nome de uma ideia, entregar-se a si mesmo como escravo…

b) Há muito tempo, numa língua antiga que já ninguém fala, "Fé" do latim fede e do português "fede" (que reflecte o seu odor nauseabundo) dizia-se: Marg-Ha-Rid-Ha, que veio a resultar no nome próprio Margarida. Eis porque é do Diabo a alma de Fausto…

8.4.08

Do Desacordo Ortográfico na Lusofolia...

A questão não é linguística e sobressaiem até dúvidas de que deva sê-lo. É política, é cultural, é social. É a relação real entre os países da suposta lusofonia. É a manifestação exacta de como se suportam, uma vez tolhida a máscara da hipocrisia com que se apertam as mãos e fazem os seus negócios. Falamos de um desentendimento profundo e histórico sobre uma forma de estar; sobre a afirmação de uma independência que ainda sente feridas, de uma discórdia antiga mal curada. No fundo, o Desacordo é o resumo das relações ditas lusófonas: um completo fiasco diplomático. E há ainda quem se arrisque a falar de fraternidade... Optimistas distraídos, políticos desonestos, utopistas da língua, liberias, conservadores, que importa?
Numa entrevista dada à RTPN, ontem, 07/04/08, por video-conferência, o Embaixador do Brasil em Portugal, falava da necessidade de apresentar à União Europeia e a outros orgãos Internacionais documentos com uma grafia consensual sempre que se apresentassem na língua portuguesa, independentemente do país "lusófono" de que proviessem ou a que estivessem destinados. O problema, reconhecia, estava em, precisamente, adquirir esse consenso e balizar os parâmetros porque devesse tal consenso reger-se.

Temos então que, o que se considera serem necessidades está, já se viu, bem definido. E, sendo assim, porque não consegue ninguém entender-se?

A resposta a esta dúvida é por demais evidente:

De um lado, acha-se o orgulho golpeado do "proprietário" inventor da "língua-mãe" (repare-se que eu alargo o sentido do termo) que a vê "vilipendiada" por falantes antes seus colonizados que a"deturparam intoleravelmente". Do outro, uma maioria de largos milhões de habitantes que pretende por todos os meios ao seu dispôr afirmar a tal independência (que também se manifesta pela língua) e que não se mostra disposta a alterar o seu modo de falar que é também, não se tenham dúvidas sobre isto, um modo de estar, e de ser como nação, como comunidade com valores comuns.

Convém como tal verificar:

Entre os países desta Lusofonia, é mais o que os une ou o que os separa? Relembrando a música dos Cabeças no Ar (»Primeiro Beijo» João Monge/João Gil), poderiamos dizer (numa analogia aceitável) que este primeiro beijo que deram após o erguer do pano branco, foi dado para a tela do cinema, para a representação de relações políticas e manifestações de "carinho" de fachada, para a fotografia internacional, para a viabilização das transferências bancárias, e, por isso, não pegou.

Deste modo, ou bem que se assume que (apesar de com a mesma base) cada país tem a sua língua (com muito de crioulo e/ou de marcas de outras línguas, etnias, influências) e segue o seu caminho honestamente independente, ou bem que se assume que a língua é a mesma e que é da maior vantagem que se aproveite e conjugue a riqueza cultural e linguística de cada conjunto de modo a obter-se uma llíngua mais completa e versátil, cujo uso seja um prazer para todos, que para todos represente a mesma afirmação, que seja algo com que se identifiquem naturalmente, como parte do mesmo património, independetemente do nome do páis ser Portugal, Brasil/Brazil (decidam lá a grafia ou cada um o escreva como quer!), Timor Loro Sai (como se escreve?), Moçambique, Angola, São Tomé e Princípe ou Cabo Verde ou Marte nº2 da 3ª Galáxia a contar da esquerda do 3º Sol da Estratosfera...

A julgar porém por tanta dificuldade, eu diria que já neste momento se tornou evidente que há muito que se falam línguas diferentes. No Brasil precisam até (ouvi dizer por línguas muito más) de legendas para perceber... o português? Mas, bem vistas as coisas, também os franceses precisam de legendas para entender o... "quebequiano". E, no entanto, a grafia, creio, é a mesma. Ou será que não é? E porque é que ninguém ouve os franceses discutirem o assunto e organizarem palestras sobre "francofonias"? E o conceito de "francofonia" até existe. Eu tive até o desprazer de o conhecer pessoalmente nesses bonitos locais que são o plat pays e o prado ideal de La Vache qui Rit.

Porquê então tanto zumzum com um acordo? Alguém pensa em acordar o mandarim com o japonês só porque para um ocidental o alfabeto tem o mesmo tipo de desenhos (frase herética para alguém dos lados do Sol Nascente)?

Meditemos então meu amigos, e não brinquemos às guerras de Alecrim e Manjerona, pelejando à toa sobre coisa nenhuma. Isto é assunto de feira, que se quer tratado com a leveza de um desfile de modelos (na perspectiva do admirador de pernas).

Se as ditas pernas o deixarem com dificuldades de concentração, escreva a matéria de cogitação numa folha branca e, bem vistas as coisas, tendo em conta o cenário actual...

Nao se importe com os erros, "pá"!

Meu Pé de Laranja em Lima, em Lisboa, no Mundo... Murchou; Foi um Segundo...

…O Homem Ilustre que come em casa do pobre… «Para onde fugiu a galinha? Zézé, foi você que pegou a galinha? Fernando, foi você que pegou a galinha? Miguel, foi você…?» Na minha casa de menino havia um aviário… Mamãe matava galinhas para servir o Homem Ilustre que ia de visita. O Homem Ilustre era um grande fato sem rosto. Ele adorava frango de cabidela e fazia negócio de escravos na sua fábrica de sabonetes. «Onde pôs você a galinha seu danado?!» «Eu não fui eu, não, nem que eu não vi galinha não por aí!…»Na minha casa de grande há uma prisão sem grades… Há aviários de homens como de galinhas, há homens que matam como predadores… Uma vez um czar que caçava homens (Drummond) achou crueldade caçar borboletas (Anedota Búlgara)… Homem de Cabidela para os senhores do Mundo… O Homem Ilustre vem almoçar amanhã…Guerras Antigas, meus romanos, meus persas, guerras modernas, primeiras e segundas, guerras recentes por Diabo e por Deus… Homens perdidos nas fábricas, esmagados na prisão dos dias, nos campos de concentração do quotidiano… Auschwitz não morreu em 1945. Auschwitz não matou apenas os judeus. Auschwitz não fica só em Auschwitz. Na cidade onde eu moro há um lugar tenebroso… Auschwitz sou eu…A Humanidade é um polvo que se alimenta do sangue dos inocentes… Mas suponhamos que injecto arsénico nas veias e que a Humanidade inteira faria um festim de mim… Que melhor fim para esta vida feia? Que melhor fim?!