27.3.08

Bom Senso e Bom Gosto

Não gosto do Sol.
Odeio a chuva.
O Sol abrasa o corpo
E mais do que comporto
Queima e turva. A chuva?
É confusão.
Que possa o Sol brilhar quando eu quiser
A um simples mover da minha mão!

Não gosto de jardins.
Detesto flores.
Jardins são terra arada
Contendo em si plantada
A vaidade dos Homens. Flores?
Ostentação!
Que as possa eu pisar quando quiser
E deixá-las desfeitas nesse chão!

Não gosto de animais.
Grotescas aves!
Animais são formas que respiram
Sem raciocinar. Deliram.
Só. Liberdade, as aves?
Sonho! Abstracção!
Que as possa apagar quando quiser
Do coração!

Não gosto do mar.
Repugno a terra.
O mar é o lugar da tempestade
Onde enjoo e naufrago. Felicidade?
Não existe. A terra?
Abençoada e fértil? Imaginação!
Que a possa cavar quando quiser
E por-me dentro em eterna hibernação!

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