4.4.08

Um Passo Mais Além e Fôra Abismo...

Já não há medo neste precipício… Só rochas lá em baixo, tal como aqui no pico da falésia. Apenas varia a altura entre o seu espaço e o meu. Passou o tempo em que era um Monstro tudo o que eu não conhecia. Depois veio a sede de desvendar os mistérios. Mas o aventureiro foi esventrado pelos seus próprios sonhos e eu sou o que restou do seu esqueleto.
Porque é infinito o diagrama do Tempo, é infinita a minha paciência. Já não busco mais nada pois nada há para achar. Aqui como ali há vida e pedras alternadamente (como em qualquer outra parte), e o haver isso me basta para me ter onde estou. O Sol brinca às escondidas com o Mundo há um sem fim de milénios, e eu fico sentado à beira do penhasco a vê-lo brincar, como quem vigia uma criança para que não se magoe. Tomei gosto neste olhar para as coisas só por olhar para elas, apenas para notar a beleza que têm: Todas as coisas são belas dependendo da luz que se lhes dá - Tomei assim como inquebrável princípio dar a melhor que contenho - como poderia dar outra?.
É por isso que no cume do abismo eu olho para baixo, contemplando o fim, e penso apenas como é belo e calmo e na paz que me dá, porque, apesar do que sinto e do que vejo, imagino sempre que ele a tem. Imaginar é pôr oum pouco de sonho em cada coisa. Que importa se, antes disso, lá se achava ou não?
Quando for altura, uma brisa suave há-de empurrar-me adiante, deixando-me cair como um folha sêca. Mas entretanto pude ver o que era belo na vida, e no fundo já não verei a escuridão…

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