…O Homem Ilustre que come em casa do pobre… «Para onde fugiu a galinha? Zézé, foi você que pegou a galinha? Fernando, foi você que pegou a galinha? Miguel, foi você…?» Na minha casa de menino havia um aviário… Mamãe matava galinhas para servir o Homem Ilustre que ia de visita. O Homem Ilustre era um grande fato sem rosto. Ele adorava frango de cabidela e fazia negócio de escravos na sua fábrica de sabonetes. «Onde pôs você a galinha seu danado?!» «Eu não fui eu, não, nem que eu não vi galinha não por aí!…»Na minha casa de grande há uma prisão sem grades… Há aviários de homens como de galinhas, há homens que matam como predadores… Uma vez um czar que caçava homens (Drummond) achou crueldade caçar borboletas (Anedota Búlgara)… Homem de Cabidela para os senhores do Mundo… O Homem Ilustre vem almoçar amanhã…Guerras Antigas, meus romanos, meus persas, guerras modernas, primeiras e segundas, guerras recentes por Diabo e por Deus… Homens perdidos nas fábricas, esmagados na prisão dos dias, nos campos de concentração do quotidiano… Auschwitz não morreu em 1945. Auschwitz não matou apenas os judeus. Auschwitz não fica só em Auschwitz. Na cidade onde eu moro há um lugar tenebroso… Auschwitz sou eu…A Humanidade é um polvo que se alimenta do sangue dos inocentes… Mas suponhamos que injecto arsénico nas veias e que a Humanidade inteira faria um festim de mim… Que melhor fim para esta vida feia? Que melhor fim?!
8.4.08
Meu Pé de Laranja em Lima, em Lisboa, no Mundo... Murchou; Foi um Segundo...
Que Farei com Este Gume?
Da Distante Alexandria
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