O GÉNIO INVOLUNTÁRIO: Não sei bem que dizer-lhe. A inutilidade não é para mim uma dor, mas uma benção, porque é aí que está a arte. A dor é o artista não poder ser milagreiro e com as suas criações mudar todo o mundo. Se eu agora escrevesse um romance que desse um fim à miséria, ou que, no meu egoísmo, me devolvesse ao sonho realizado da vida que sempre imaginei, então a dor seria uma miragem. Se a escrita é um analgésico? Creio que não. A escrita não tem qualquer poder medicinal. É meramente psicosomática. É mais uma balança interior do que uma droga que nos dê um alívio. Pode aliás ser bem pesada, e magoar mais, mas mantem-nos nos eixos. Se me perguntasse porque escrevo, creio que lhe responderia: «Para entender». E, no entanto, tal como em qualquer outra coisa que disesse ou fizesse enquanto artista, eu estaria a mentir-lhe, porque se há algo de certo na escrita (ou em qualquer outra forma de arte) é que ela se sente, não se pensa, mesmo que se faça pensando enquanto sentindo ou sentindo racionalmente, cerebralmente, com matemáticas de raízes quadradas de emoções imperfeitas, e, como tal, não serve nunca para entender coisa alguma...
10.6.08
Minha Incompleta Justificação...
JORNALISTA DE «LE JOURNAL DE L'ÉCRIVAIN, MAGAZINE»: O sr. escreve febrilmente, como quem anda doente numa cama e toma notas num bloco para se entreter. Julga ser correcto dizer que, para si, a escrita é como um analgésico que, curando nada, lhe alivia pelo menos a dor de ser inútil?
Que Farei com Este Gume?
Pensaminando...
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