26.3.08

O Gume Foi Ver.. 10.000 A.C. ...

...Um filme de agora, sobre o tempo das paliçadas (mas que não mostra paliçadas), na terra onde Judas perdeu as botas: isto é, lá longe.
É uma obra de 2ª, com argumento de 2ª e actores de 2ª... quer dizer... Evolet (Camilla Belle) é uma actriz de 1ª categoria: tem um talento enorme, que se reflecte nuns bonitos olhos azuis (ou umas bonitas lentes de contacto, mas não interessa), umas linhas dramaticamente muito convincentes, uma aura de Ofélia shakesperiana encantadora (sem a vertente do suicídio e com um bonito momento de ressureição muito adequado a esta quadra "Pascoal" - espero não ter contado o fim a ninguém) e umas curvas de fazer arrepiar um morto!
E também de 1ª categoria são as gargalhadas que o realizador nos oferece.
Além disso, 10.000 A.C. é extremamente didáctico. Com este filme aprendemos que há muitos, muitos anos havia um povo além das montanhas chamado Yaghul que tinha uma feiticeira que às escondidas fumava ópio e por isso via coisas. Este dado não é novo mas demonstra, de forma reveladora e inequívoca, como desde sempre Política e Religião se acharam interligadas: pelo delírio oferecido por uma boa droga.
Aprendemos que os homens de 10.000 A.C. e arredores temporais conviviam com galinhas gigantes chamadas galinhossaurus ou algo assim parecido, que subiam árvores, tinham mau humor, e que papavam com gula e prazer tudo o que lhes surgisse à frente, inclusive homo sapiens (quase sapiens duas vezes) cabeludos e a cheirar mal que tresandavam; e estes bichinhos simpáticos (cronologicamente falando) eram companheiros da civilização egípcia, conquistadora de aquém e além deserto e viajante do Nilo.
De facto, aprendemos que os egípcios "voavam sobre as águas", isto é, andavam de barco (coisa de pasmar!) para angariar escravos com que iriam construir as Pirâmides de José, perdão Gigé, gaita, Gizé (ou Gisé?) que eram feitas com belas rampas de calhau, muita força braçal e... Mammuks!!!!
Os Mammuks são os protótipos dos Mamutes modernos, que são os protótipos dos elefantes contemporâneos, que são os protótipos dos paquidermes mirrados actuais que por milagre ainda se encontram aqui e ali em partes africanas e asiáticas do nosso planeta mas em acelerada situação de extinção. A estes Dumbos com que tanto simpatizo (e que já conheceram melhores dias) o meu abraço.
Conseguimos ainda perceber, com 10.000 A.C., que os egípcios foram os inventores dos snobs e dos travestis, que gostavam de se pintar dos beiços até ao rego e de usar unhas artificiais maiores do que o meu fémur (que já tem um tamanho assaz considerável).
Depois desta riqueza de informação histórica, muito educativa, os efeitos especiais ainda são do melhor do filme (para além das gargalhadas e da nossa Evolet já anteiormente referidas) e eles dão-nos ainda o prazer raro de ver um grande Tigre-Dentes-de-Sabre no seu habitat natural, sendo este Tigre-Dentes-de-Sabre protótipo do tigre moderno, que é protótipo do felino contemporâneo, que é por sua vez um protótipo do mirrado gato actual que por milagre ainda se encontra aqui e ali em partes africanas e asiáticas do nosso planeta mas em acelerada situação de extinção.. A estes bichanos com que tanto simpatizo (e que já conheceram melhores dias) o meu abraço...
10.000 A.C. explica ainda a Génese do 1º Herói da Humanidade (o primeiro a conseguir, guiando-se pelas estrelas, fazer um Lisboa-Dakar, a pé, mas partindo de Ceuta em vez de ser de Lisboa para não ter problemas com a organização francesa)e diz-nos que o seu nome foi D'Leh, que deu depois origem, além galáxia, ao Jar-El (a.k.a Superman!), e no mundo da contabilidade e auditoria, à Super, Extraordinária, Insubstituível, Incorruptível (a quem nada escapa) Deloitte - onde tudo é visto, revisto e como tal aprovado, mesmo que com algum... delay... (por favor, haja alguém que regue esta piada porque a pobre morre de sede, pede-se uma alma caridosa à caixa central, etc., etc. - mudemos de parágrafo).
10.000 A.C. aborda o tema da divindade (questão antiga da Humanidade que o Gume voltará a abordar com maior pormenor) e, falando do Sublime, mostra-nos deuses todo-poderosos, imortais e inabaláveis, que afinal eram homens, perecíveis e tinham pés de barro. Coisa estranha! Sempre pensei que houvesse deuses a sério!!!
E, além da...


Evolet, Evolet, Evolet,
once my eyes have seen you, how could they forget?!,




fica, como digna de registo, esta apreciação/consideração final:

10.000 A.C. mostra-nos que, há 12.008 anos atrás, os homens também choravam... E ainda assim podiam ser heróis...

(Desculpem-me, mas desta vez o Gume verteu uma lágrima. E se ele é heróico!)

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