1.7.08

Diário do Fantasma do Castelo...

Eles fecharam-me as portas desse castelo comum em que se fazem nobres. Foi por isso que dos meus trapos de mendigo, das minhas feridas de leproso lacerado, das minhas lágrimas de tanta solidão, eu erigi estas muralhas de ferro, estes portões cinzentos, estas torres altas guardadas por gárgulas e grifos de magias mais negras que os abismos. Dentro delas me resguardo pelos dias tristes, contemplando o Mundo em redor. Daqui observo os homens do castelo que cumprem as suas vidas na estupidez da ignorância plena. Sao moscas esvoaçando sem propósito ignorando o propósito final de tombarem na teia de uma aranha. Muitas noites vejo archotes no castelo, ouço o gargarejo dos bardos, os gritinhos das damas, as gargalhadas sonoras dos duques e do Rei.
Eles festejam o esplendor da sua côrte; os seus bailes devassos e cruéis são a celebração dos seus actos de vileza, o seu modo de se assumirem como Elite, de se provarem ruins. E nessas noites em que os archotes do mal brilham mais do que as estrelas, eu, mesmo estando longe, rio-me com eles; e também danço ao som das suas modas:

Porque enquanto o Rei se ufana com os seus cães, eu vou no escuro tecendo a minha teia…

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